domingo, 15 de agosto de 2010

Sal e pressão alta

No passado os hipertensos eram simplesmente proibidos de comer sal. Hoje, não somos tão radicais, porque o cloreto de sódio é um mineral indispensável para o funcionamento das células, devendo ser ingerido mesmo por quem sofre de pressão alta.
Mas é preciso cuidado, porque cerca de 60% das pessoas apresentam sensibilidade exagerada a ele. Organismos que acumulam sódio com mais facilidade retêm líquido em excesso e podem apresentar tendência à hipertensão.
Para cada 9 gramas de sal ingerido, o corpo retém em média 1 litro de água.
São mais sensíveis os negros, as mulheres e homens com mais de 65 anos, os portadores de diabetes e aqueles que têm familiares sensíveis aos efeitos do sal.
Embora estejam bem documentados os efeitos benéficos da redução de sal em casos de hipertensão de intensidade leve ou moderada, faltavam estudos nos casos mais graves.
A revista “Hypertension” publica o primeiro estudo que avalia o papel do sal em pessoas portadoras de hipertensão resistente, definida como pressão arterial elevada apesar do uso de três ou mais medicamentos.
Quadros hipertensivos resistentes como esse constituem um problema relativamente comum: afetam de 20% a 30% dos hipertensos, e sua frequência tem aumentado em paralelo com a propagação da epidemia de obesidade.
O estudo foi conduzido com apenas doze participantes, no ambulatório de Hipertensão da Universidade de Alabama. Os autores compararam dois níveis de ingestão de sódio: 5,7 gramas por dia versus 1,15 gramas (um pacotinho de sal contém cerca de 1 grama).
Apesar do pequeno número de participantes, o trabalho foi árduo. Os pacientes foram colocados alternadamente em dietas rígidas contendo um desses dois níveis de consumo de sódio, por períodos com duração de uma semana. A pressão arterial foi medida em diversos horários e monitorada por aparelho portátil durante as 24 horas do dia. Metade dos pacientes eram negros e 7% mulheres. O Índice de Massa Corpórea (IMC = peso/altura x altura) médio foi de 32,9 kg/m2 (portanto na faixa de obesidade). A pressão arterial média inicial do grupo era 14,6 por 8,4 (em cm). Os pacientes tomavam, em média, três a quatro medicações anti-hipertensivas, diariamente.
As comparações entre os dois grupos revelaram que aqueles mantidos com 1,15 gramas diárias de sódio apresentaram redução média de 2,27 cm na pressão máxima e de 0,91 cm na mínima.
No editorial que acompanha o artigo publicado, Lawrence Appel, da Johns Hopkins University, comenta: “Essas diminuições da pressão arterial excedem às que foram obtidas em outros estudos sobre dietas com pouco sal em indivíduos com hipertensão não tratada”. E acrescenta: “Os níveis de redução da pressão observados equivalem a acrescentar mais uma ou duas drogas nos esquemas desses casos resistentes”.
Outro achado surpreendente foi o alto nível de consumo de sal relatado pelos participantes, antes do início do estudo, período em que cada um escolhia a dieta que melhor lhe aprouvesse. Nessa fase inicial, o consumo médio era de 4,5 gramas diárias, mais do que o dobro da dose máxima recomendada para a população em geral e mais do que o triplo da indicada para quem sofre de hipertensão.
Os autores concordam que é praticamente impossível alcançar níveis de ingestão de sódio próximos de 1,15 gramas diárias, na vida prática. A experiência mostra que, mesmo com aconselhamento intensivo, enfocado apenas na redução do consumo de sal, as médias atingidas mal chegam ao dobro dessa.
Um dos maiores obstáculos para a redução da quantidade de sódio na dieta dos hipertensos é o alto teor de sal existente nos alimentos processados e nas comidas preparadas em restaurantes. Num mundo em que as pessoas ativas fazem boa parte das refeições fora de casa, não é fácil adotar dietas restritivas como a proposta pelo estudo.
http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/6114/sal-e-pressao-alta

Os bombardeios e o cérebro

Os soldados se queixavam de perda de memória, tonturas, problemas de fala e dificuldade para tomar decisões, mas não apresentavam ferimentos.
Em Belgrado, durante a guerra dos Bálcãs, na década de 1990, a doutora Ibolja Cernak verificou que esses pacientes apresentavam algo em comum: haviam sobrevivido a explosões em campo de batalha, sem sofrer ferimentos na cabeça.
A ressonância magnética, no entanto, mostrava indícios de danos nas áreas mais internas do cérebro, observação em desacordo com a teoria de que os órgãos mais danificados nas explosões seriam aqueles cheios de ar, como os pulmões e os intestinos. Cernak decidiu, então, testar em ratos o impacto das bombas. Os resultados confirmaram que elas podem, de fato, destruir neurônios.
Tais estudos receberam pouca atenção até dois anos atrás, quando americanos e ingleses retornaram do Iraque com queixas semelhantes, e a questão ganhou prioridade militar. Somente o Departamento de Defesa americano investiu U$150 milhões no primeiro ano de pesquisas sobre os traumas provocados pelas ondas de choque, pelo calor e/ou pelas radiações magnéticas irradiadas por bombas de guerra.
Segundo Cernak, hoje pesquisadora na Universidade Johns Hopkins, as ondas de choque originadas na explosão atingem os grandes vasos do tronco e se irradiam para o cérebro. A energia cinética transferida por elas provoca oscilação rápida da pressão nos vasos cerebrais, causando destruição de neurônios e deficiências neurológicas de progressão lenta. Nesse caso, os capacetes não ofereceriam proteção.
Para confirmar a hipótese, ela estudou 1.300 soldados com ferimentos perfurantes na parte inferior do corpo, mas não na cabeça. Mais da metade fora atingida por explosões, e o restante por tiros. Entre os primeiros, 36% apresentavam padrões alterados de atividade elétrica cerebral, contra 12% no grupo ferido por projéteis. Queixas de insônia, tonturas e perda de memória também foram mais freqüentes no primeiro grupo.
Depois das publicações de Cernak, médicos americanos identificaram casos semelhantes em sobreviventes de explosões no Iraque e Afeganistão. Havia soldados incapazes de efetuar somas e subtrações simples, de recordar os alimentos do almoço e de manter a atenção. Alguns estimam que 10% a 20% dos militares em serviço nesses países apresentam algum tipo de deficiência cognitiva.
A teoria tem causado polêmica. Muitos ex-combatentes que se queixam de perda de memória e de outras dificuldades cognitivas, costumam ser considerados mentalmente fracos ou recebem o diagnóstico de estresse pós-traumático.
Embora tenha havido maior aceitação da existência de déficits neurológicos associados a explosões, os trabalhos da doutora Cernah são considerados controversos. Alguns pesquisadores não concordam com a teoria da transmissão das ondas de choque através dos grandes vasos. Acham mais lógico comparar o trauma com a aceleração e desaceleração característica dos desastres automobilísticos, ocasiões em que o cérebro é sacudido com tanta violência que os neurônios são destruídos.
De acordo com essa concepção, os capacetes realmente exerceriam função protetora.
Segundo a revista “Science”, que resume a discussão, as implicações econômicas da identificação de soldados feridos em explosões no Iraque e no Afeganistão são imensas. Pesquisadores de Harvard calculam que existam 25 mil militares nessa condição, e que os custos envolvidos no tratamento deles chegarão a U$ 14 bilhões, nos próximos vinte anos.
Entretanto, se forem considerados os combatentes de guerras anteriores, como a do Vietnã, muitos dos veteranos com queixas de irritabilidade, depressão, e deficiências de memória poderão pleitear indenizações e cuidados especializados. Como provar que um ex-soldado de setenta anos portador da doença de Alzheimer não esteja nas fases finais do dano cerebral causado por um explosivo?

Poluição e longevidade

A respiração é a mais imprescindível das funções fisiológicas. Cinco minutos sem respirar, o cérebro vai para o espaço, e adeus condição humana.
Que a poluição causada por partículas sólidas em suspensão, ozônio, dióxido de enxofre, óxido nitroso e monóxido de carbono, provoca problemas de saúde que vão além de irritação na garganta e ardência nos olhos, ninguém mais contesta.
O impacto a curto-prazo da poluição nos índices de mortalidade foi avaliado em 124 cidades grandes da Europa e América do Norte. Aumentos da concentração de partículas sólidas da ordem de 10 microgramas (micrograma é a milionésima parte do grama) por metro cúbico de ar, aumentam a mortalidade geral da população de 0,2% a 0,6%.
Os trabalhos sobre os efeitos tardios da exposição ao ar poluído também chegaram a conclusões semelhantes. Os mais importantes foram realizados pela Universidade Harvard em seis cidades americanas e pela American Cancer Society que acompanhou o destino de 1,1 milhão de pessoas a partir dos anos 1980.
Inquéritos conduzidos em diversos países industrializados demonstraram que a concentração de poluentes no ar está diretamente associada à diminuição da expectativa de vida: redução média de 13 meses na Holanda, 15 meses na Finlândia e 9 meses no Canadá.
A Organização Mundial da Saúde calcula que 1,4% de todas as mortes e 0,8% dos anos de trabalho perdidos por motivo de doença, sejam consequência direta da poluição do ar.
Faltava até hoje, no entanto, a comprovação do fenômeno oposto, isto é, que a redução da quantidade de poluentes fosse capaz de reverter os malefícios do ar mais poluído.
Uma das revistas científicas de maior prestígio (The New England Journal of Medicine) publicou, em janeiro de 2009, o primeiro estudo planejado com o objetivo específico de esclarecer essa questão.
Os autores analisaram 51 áreas metropolitanas, ao redor das maiores cidades do território americano. Nelas, levantaram os dados referentes à expectativa de vida, condição socioeconômica dos habitantes, nível educacional, número de fumantes, etnia e demais características demográficas.
Os dados sobre os níveis de poluição foram conseguidos junto às agências oficiais, no período que vai do final dos anos 1970 até o início dos anos 2000.
Graças ao controle exercido pelos órgãos competentes, a partir dos anos 1980 e 1990, a concentração de partículas poluentes no ar diminuiu em todas as áreas estudadas.
Os resultados revelaram que programas de combate à poluição capazes de reduzir 10 microgramas de partículas poluentes por metro cúbico de ar, provocam um aumento médio da expectativa de vida da população da ordem de 7,3 meses.
No período de 1980 a 2000, a expectativa média de vida nos Estados Unidos aumentou 2,74 anos. A redução dos níveis de poluição ocorrida nesses 20 anos foi responsável por cerca de 18% desse aumento.
A parte do corpo humano que apresenta maior superfície de contato com o exterior não é a pele, são os pulmões. Se fosse possível esticá-los cobririam uma quadra de tênis.
Para protegê-los, o aparelho respiratório é dotado de pelos no interior do nariz, cílios que revestem as paredes internas dos brônquios e células que produzem muco de consistência viscosa. As partículas grandes suspensas no ar inalado ficam presas nos pelos. As menores, mais finas, acabam atoladas no muco, e são empurradas para fora pelo movimento permanente dos cílios (comparado ao do vento num canavial).
Apesar da eficiência silenciosa desses mecanismos, algumas partículas sólidas conseguem chegar nos alvéolos pulmonares, porque são muito finas ou porque os cílios funcionam mal (como os dos fumantes).
Nos alvéolos, a poluição causa um processo inflamatório que dificulta as trocas de oxigênio e gás carbônico, agravando os casos de doença pulmonar obstrutivocrônicas em pessoas suscetíveis.
Além disso, esse processo inflamatório provoca liberação de mediadores que vão agir nas placas de aterosclerose depositadas nas artérias, aumentando o risco de ataques cardíacos, derrames cerebrais e obstruções de artérias periféricas.
Adotar medidas de combate à poluição ambiental não é reivindicação de cidadãos ecointransigentes, é questão de saúde pública que afeta a duração da vida de todos nós.
Quanto mais limpo o ar de uma cidade, maior é a longevidade dos que vivem nela.
Materia extraida do http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/5144/poluicao-e-longevidade

Mel néctar dos deuses produzido por insetos


Ele foi como a energia elétrica para a Antigüidade. Nas casas e ruas, velas e tochas feitas com a cera das abelhas podiam ficar acesas durante horas. Também era um conservante de uso geral: servia para manter os alimentos, a pele e os mortos embalsamados em bom estado. Na medicina da época, era um remédio poderoso: como antiinflamatório e cicatrizante de ferimentos, para curar queimaduras e uma série de doenças, de gripes a fraqueza. Era ainda alimento, adoçante e ingrediente indispensável em doces e salgados.

Então, subitamente, no final da Idade Média, o mel desapareceu do uso humano. Começava a era do açúcar de beterraba e, depois, da cana-de-açúcar. Embora a sua propriedade de adoçante fosse apenas uma entre tantas outras, o mel caiu no esquecimento também como remédio e alimento.

O século 21 o está reabilitando em escala mundial. Estados Unidos e Europa são grandes importadores do mel de países como China (primeiro produtor do mundo) e Brasil (quinto maior exportador para os EUA). Nos últimos dois anos, nossas exportações quadruplicaram, apesar dos embargos impostos pela União Européia. Vendemos o quilo a US$ 1,74. A cera e a própolis, em torno de US$ 100 o quilo. O equivalente em barril de petróleo valeria US$ 16 mil, um preço fantástico comparado ao do ouro negro.

E os usos do mel nestes tempos são os mesmos da Antigüidade, com exceção do embalsamamento de cadáveres. Duas colheres de sopa por dia servem para fixar o cálcio no organismo - por esse motivo ele era utilizado como fortificante pelos antigos. Uma gota de geléia real ao dia estimula o tônus sexual. Gotas de própolis aplicadas externamente fazem desaparecer rugas e cicatrizes.

Uma colméia de abelhas, com 50 mil indivíduos, é tão asséptica quanto uma sala de cirurgia, apesar da temperatura constante de 37º C no seu interior. Isso se deve à própolis, resina que as abelhas colhem de brotos de plantas e botões de flores. Elas a utilizam para dar rigidez à estrutura da colméia e vedar fendas. Como a resina é antibiótica, nenhum germe se propaga na colméia.

Em 2005, pesquisadores da Universidade de Zagreb, na Croácia, descobriram que a própolis é capaz de reduzir tumores cancerígenos. Inoculada em células cancerosas de ratos de laboratório, a substância reduziu de 62 para 15 as metástases, quase o dobro do obtido pela quimioterapia convencional - de 62 para 28. Os pesquisadores decidiram então combinar a própolis com quimioterapia, e conseguiram reduzir as metástases para apenas quatro! Estudos em células humanas já estão em curso.

SABE-SE QUE a própolis possui mais de 300 substâncias ativas, entre elas flavonóides, polifenóis e antioxidantes. No ano passado, cientistas da Universidade de Bochum, na Alemanha, anunciaram que a molécula CLU502 destruiu in vitro as células de um neuroblastoma, tipo de câncer cerebral que ocorre sobretudo em crianças. Células sadias não foram danificadas. A pesquisa continua.

Onde existem abelhas e colméias é porque o equilíbrio ambiental está mantido. Elas são suas sentinelas. Estudos feitos na França estimaram que 74% das colméias existentes no país foram abandonadas pelas abelhas em 2006, por motivos diversos: falta de espécies arbóreas que as atraíssem, parasitas, excesso de pesticidas nas plantações e, talvez, ondas eletromagnéticas emitidas pelos telefones celulares. Essa forma de radiação estaria interferindo nos sistemas de vôo das operárias. Em conseqüência, não acham mais o caminho de casa e morrem de fome.

Depois de recolher o pólen das flores, as operárias depositam fermentos lácteos sobre os grãozinhos, como se faz para preparar a massa do pão. O resultado é mais que um pão: cada 100 gramas de massa de pólen têm a proteína de sete ovos ou de um bife de 400 gramas de carne de boi.

O pólen é um estimulante do sistema imunológico, por conter vitaminas B, C e E, oito aminoácidos essenciais e o selênio, antioxidante raro na nossa alimentação. Contém ainda carotenóides com propriedades antiinflamatórias. Examinada em laboratório, verificou-se que a massa de pólen tem entre 1 milhão e 10 milhões de unidades de fermento lácteo por grama, o que a torna um probiótico igual aos iogurtes. Ótimo para a digestão e a flora intestinal.

Pesquisadores de Toulouse, na França, provocaram uma inflamação no cólon intestinal de ratos de laboratório; um grupo recebeu a massa de pólen de abelhas e o outro foi alimentado sem ela. O primeiro grupo teve 30% menos lesões que o segundo.


Detalhe de um favo de mel. O produto natural é usado como remédio e alimento desde a Antigüidade.
PRODUZIDA POR operárias jovens nas glândulas da cabeça, a geléia real é uma poção quase mágica. À medida que a fabricam, as operárias a depositam sobre uma larva de abelha até seu completo desenvolvimento. Nasce então uma abelha rainha. Em outras larvas, o processo é interrompido e ela será uma abelha operária.
O efeito antifadiga foi demonstrado em 2001 por pesquisadores do laboratório japonês Pola, ao escalarem dois grupos de ratos de laboratório para provas de natação. Deveriam nadar até cansar. O que foi alimentado com geléia real sempre nadava mais tempo que o outro.

A geléia real é composta principalmente de proteínas e aminoácidos (50%), antioxidantes e lipídios (cerca de 5%). Seus ácidos graxos estimulam o sistema imunológico. Pesquisadores franceses, em parceria com o Instituto Max Planck, de Munique, na Alemanha, descobriram que ela age sobre vários tipos de vírus, entre os quais os da herpes, hepatite B e influenza. No Japão, o Instituto Fujisaki descobriu que a vida média de ratinhos de laboratório alimentados com geléia real é maior que a dos que não a receberam, graças à sua ação antioxidante, que retarda o envelhecimento celular.

Na Ásia, a apipuntura, irmã da acupuntura, é tão popular quanto esta. A prática tem 2 mil anos e consiste em picar determinados pontos com o ferrão de abelhas presas cuidadosamente por pinças. Após algumas sessões, cada uma com 20 picadas, a dor desaparece. Quem se habilita? A explicação: o veneno contém proteínas, enzimas, ácidos e peptídeos que agem sobre o sistema nervoso. Mas há risco de choque anafilático, uma reação alérgica potencialmente fatal.

Na Coréia do Sul, em 2007, um grupo de cientistas anunciou que o veneno de abelhas tem um importante potencial no tratamento de doenças neurodegenerativas. No Egito, sua ação está sendo pesquisada para o tratamento da psoríase, uma doença da pele. Os resultados são bons e os efeitos secundários, mínimos e toleráveis, segundo os responsáveis pelos estudos.

O mel é tradicionalmente utilizado como sedativo para a dor de garganta. Mas pouca pessoas sabem que é também um excelente laxativo e um aliado nos tratamentos para emagrecer. Cem gramas de mel geram 300 calorias, contra 400 do açúcar. Além disso, é um potente bactericida. Ele vem do néctar colhido das flores pelas operárias, que o transportam no esôfago. Hospitais do Reino Unido e da França utilizamno para a cicatrização de feridas e cortes cirúrgicos.

O PROCESSO É DESCRITO cientificamente. O açúcar expulsa para a superfície os líquidos que congestionam os vasos sangüíneos e uma enzima do mel, a glucose oxidase, transforma esse açúcar em peróxido de hidrogênio - a água oxigenada - e ácido glucônico, criando um meio desfavorável à proliferação de germes, mas propício ao crescimento de células de cicatrização. Em 98% dos casos as feridas se fecham em três ou quatro semanas. Ao contrário dos antibióticos químicos, o mel não causa resistência bacteriana.

Em tempo: o mel utilizado para esse fim não pode ser exposto à luz ou calor. O de casa, portanto, não serve. A procedência também conta muito. Pesquisadores da Nova Zelândia, em conjunto com a Universidade de Bonn, na Alemanha, estão testando a eficácia do mel de manuka, arbusto de cujas flores as abelhas produzem um mel que seria cem vezes mais ativo do que qualquer outro.
materia publicada na revista Planeta edição /outubro de 2008

Vivendo, aprendendo... e formando sinapses







Ao longo da vida aprendemos diversas tarefas motoras, desde o simples levar a mão à boca ao mais complexo como dirigir. Com tantas tarefas a serem aprendidas, o cérebro precisa contar com uma de suas mais interessantes características: a plasticidade, que é a capacidade do cérebro de se adaptar a mudanças, sem a qual ele estaria fadado às funções com as quais ele nasce, e nada mais. Aprender, afinal, requer modificar o cérebro.

Mas o que exatamente acontece no cérebro durante o aprendizado? Pesquisadores dos Estados Unidos testaram o aprendizado motor em camundongos e constataram que ele leva a uma rápida formação de novas sinapses no cérebro de camundongos adolescentes e até adultos. O estudo foi publicado em novembro de 2009 na Nature.

Tonghui Xu e colegas, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, estudaram camundongos de 1 mês de idade – considerados adolescentes – e outros de mais de 4 meses de idade, já adultos. Os animais eram colocados em gaiolas onde aprendiam a alcançar sementes através de uma fenda. Menos de uma hora depois do aprendizado, já havia um número significativo de novas conexões formadas entre neurônios do córtex motor do lado do cérebro responsável pelos movimentos, mas não do outro lado, que não havia sido usado na tarefa. As novas conexões formadas, chamadas de espinhas dendríticas, conectam neurônios de diversas camadas do cérebro.

Fazendo a mesma tarefa, camundongos jovens ganharam mais conexões novas do que os adultos, sobretudo quando haviam aprendido melhor a tarefa, em comparação aos que falharam mais vezes no teste de alcançar as sementes.

Ao mesmo tempo em que o aprendizado leva à formação de novas sinapses, outras são perdidas: o resultado do aprendizado não é um aumento no número total de sinapses, mas uma mudança no conjunto de sinapses existentes. Em cerca de duas semanas, o número total de sinapses já está de volta aos níveis anteriores ao aprendizado – embora as sinapses agora sejam outras. Sinapses que já eram estáveis, que podem ser a base da memória motora duradoura, aparentemente não são perturbadas pelo aprendizado – o que ótimo: assim você não vai esquecer como andar de bicicleta se começar a fazer aulas de surfe.

A constatação da modificação rápida do cérebro com o aprendizado é interessante para pacientes que sofreram AVCs ou outras lesões: através da formação de novas sinapses, a prática com a fisioterapia pode ajudá-los a se recuperar mais rapidamente e quem sabe recobrar as funções perdidas, voltando a ter uma vida normal.

Xu e sua equipe mostram que o remodelamento estrutural das sinapses acontece quase imediatamente, ao contrário da hipótese anterior de que a formação de sinapses novas levaria dias para acontecer. Aprender, portanto, é mudar o cérebro – e na mesma hora. (SAC, 02/03/2010)



Fonte: Xu T, Yu X, Perlik AJ, Tobin WF, Zweig JA, Tennant K, Jones T, Zuo Y (2009) Rapid formation and selective stabilization of synapses for enduring motor memories, Nature 462, 915-9.




Copyright © 2007, Suzana Herculano-Houzel.



Passar de 10 a 12 horas seguidas diante do computador faz parte do dia a dia de muitas pessoas, já que hoje usar essa máquina, tanto no trabalho quanto em casa, virou um hábito difícil de evitar. Segundo pesquisas, um estilo de vida desse tipo provoca dores de cabeça e de pescoço, e o aspecto mais inquietante é que eles podem atingir tanto os adultos quanto os jovens. Uma equipe de cientistas da Stellenbosch University, de Tygerberg, África do Sul, observou o que acontecia com um grupo de 1.073 estudantes com idade média de 16 anos, dos quais 48% frequentam escolas onde se usa regularmente o computador durante oito horas e meia por semana ou mais. De acordo com os resultados da pesquisa, apenas 16% de quem passa menos de cinco horas diante do computador sofre de distúrbios no pescoço, ante 48% daqueles que estão no computador de 25 a 30 horas por semana, os quais se queixam de dores musculares e de cabeça.

ANTIGAMENTE, A MAIOR PARTE DO TEMPO LIVRE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ERA PASSADA NO QUINTAL OU NAS QUADRAS DESPORTIVAS. HOJE, EM CASA OU NA ESCOLA, OS JOVENS VIVEM DIANTE DO COMPUTADOR

Mas esse não é o único dano provocado por uma existência passada em grande parte diante de um monitor. Segundo o Instituto Italiano de Medicina Social, quase 46% dos trabalhadores da União Europeia exercem seu ofício em posições dolorosas ou cansativas. De acordo com os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina da Universidade de Bari (Itália) e do Centro Europeu da Coluna Vertebral, a postura que se adota diante do computador pode provocar hipercifose dorsal e cervical (aumento da curvatura da coluna nessas regiões).

O uso prolongado do mouse, por seu lado, pode provocar epicondilite, uma inflamação dos tendões do cotovelo causada por movimentos excessivamente repetitivos ou efetuados com demasiada intensidade. Há também a síndrome do túnel carpal (osso da raiz da mão), uma dor no pulso que se irradia até a mão e por todo o braço, chegando até o ombro, por conta do uso errado do mouse. A prevenção mais eficaz contra esses distúrbios é, em primeiro lugar, assumir e manter uma postura correta diante do monitor, com os pés bem apoiados no solo e a coluna no encosto, sobretudo a região lombar, regulando-se a altura da cadeira e a inclinação do encosto. O monitor deve ser posicionado à frente de modo que, mesmo agindo sobre eventuais mecanismos de regulagem, sua linha superior esteja um pouco mais baixa da horizontal que passa pelos olhos do operador e entre 50 cm e 70 cm de distância.

O teclado deve estar diante do monitor e o mouse vizinho a ele, de modo que ambos sejam facilmente alcançados. Os antebraços devem estar apoiados na escrivaninha, de modo a aliviar a tensão dos músculos do pescoço e das costas. É preciso, enfim, evitar posições fixas por tempos prolongados. No caso em que isso for impossível, os especialistas recomendam fazer com frequência exercícios de relaxamento do pescoço, das costas, dos braços e das pernas. O uso prolongado do vídeo também pode causar danos na pele: um estudo recente realizado com 3 mil voluntários suecos, selecionados ao acaso e com idade entre 18 e 64 anos, mostrou que quem trabalha no computador é mais sujeito a desenvolver outros distúrbios, como a rosácea e vários tipos de acne, a dermatite seborreica e o eritema específico. Provocadas pela exposição aos campos eletromagnéticos dos videoterminais, essas screen dermatitis (dermatites de monitor) se caracterizam pela sensação de coceira, queimação, tensão cutânea e dor.

No que diz respeito à visão, os oftalmologistas lembram que o uso do computador não costuma provocar uma piora das nossas capacidades visuais quando são respeitadas as regras mínimas de bom uso do aparelho. Caso contrário, é certo que seu uso excessivo provoca fadiga dos olhos e a perda de elasticidade do nervo ótico. Observa-se também, com frequência cada vez maior, a aparição da assim chamada “síndrome do olho seco”, que consiste não apenas numa diminuição da quantidade de líquido produzido pelas glândulas lacrimais, mas também numa piora da qualidade da lágrima, que se torna cada vez menos apta a lubrificar a superfície do globo ocular.

Terrário de Fungos




Material necessário:
1 recipiente limpo (como pote de maionese de vidro ou plástico).
Fita adesiva.
Água.
Restos de alimentos como pão, frutas, legumes, verduras, biscoistos etc.
Caderninho e lápis para anotação.
Procedimentos:
1) Cortar os alimentos em pedaços que caibam dentro do recipiente.
2) Mergulhe todos os alimentos dentro d'água.
3) Arrume os alimentos dentro do recipiente de forma que fiquem próximos, mas não empilhados.
4) Todos os dias, os alunos devem observar seus terrários e fazer anotações sobre como estão ficando a aparência de seus alimentos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Continuando a aula de fungos:

OBSERVE A FORMAÇÃO DE COLÔNIAS DE FUNGOS


Os fungos mais conhecidos são os bolores, os cogumelos, as orelhas-de-pau e as leveduras. São seres heterótrofos, unicelulares ou filamentosos, são facilmente encontrados em locais úmidos, crescendo sobre substratos orgânicos. Algumas espécies são parasitas de plantas e animais. Porém os fungos são de grande importância ecológica, por serem decompositores, úteis na produção de alimentos como também no uso farmacêutico.

Objetivos desta prática:

● Observar a presença de fungos, em alimentos mantidos em ambientes escuros e quentes.

Materiais necessários:

● Uma laranja;
● Um pedaço de pão integral ou pão de forma;
● Uma tigela pequena de vidro transparente, em que caiba a laranja;
● Um pires;
● Água.

Como fazer:

1. Coloque a laranja dentro de uma vasilha pequena de vidro e guarde em lugar escuro e quente como, por exemplo, dentro de um armário;
2. Umedeça um pedaço de pão, com água, e coloque-o no pires. Guarde o pires em lugar escuro e quente;
3. Observe diariamente a laranja e o pão. Anota as modificações que observar.

FONTE: BARROS, Carlos. Trabalhando Com Ciências. São Paulo: Ática, 1993. 212p.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010






Cientistas descobrem em floresta dos Estados Unidos um fungo gigantesco que ocupa área equivalente a 47 estádios do Maracanã



Bia Barbosa



Fotos AP

O FUNGO
O Armillaria ostoyae lembra um emaranhado de galhosv pequenos e delgados, que formam uma rede sob a terra

A COMIDA
Os filamentos se alimentam das árvores e no outono brotam do chão na forma de cogumelos amarelados O TAMANHO
O Armillaria pode atingir proporções colossais, como o encontrado em Oregon (área do fungo: 890 hectares), no noroeste dos Estados Unidos, que ocupa uma área superior à Enseada de Botafogo, no Rio
Quando se pensa num ser vivo imenso, daqueles que podem ser comparados a ônibus ou prédios, a primeira imagem que vem à cabeça é a dos extintos dinossauros, com até 50 metros de comprimento. Na semana passada, pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostraram que a natureza consegue ser bem mais bizarra e produzir um organismo de dimensões ciclópicas, daquelas que escapam a nosso senso de escalas. Eles encontraram um fungo gigante, uma enorme rede de filamentos enraizada a cerca de 1 metro da superfície, abrangendo uma área superior a 890 hectares. O megafungo da espécie Armillaria ostoyae, típico de regiões temperadas na América do Norte e na Europa, enterrado sob a Floresta Nacional de Malheur, é tão grande que só pode ser dimensionado quando confrontado com cidades inteiras ou construções multiplicadas às dezenas. Nessa escala equivaleria a toda a enseada da Praia de Botafogo, seus arredores e o morro do Pão de Açúcar, ou a 47 estádios do Maracanã colocados lado a lado. Os cientistas ainda não calcularam quanto pesa toda essa estrutura viva. O fungo é um parasita bastante longevo, que busca alimento alojando-se nas raízes das plantas. Às vezes, dá sorte e encontra repasto suficiente para continuar a crescer por milhares de anos, como ocorreu na floresta americana.

Os fungos constituem um reino à parte entre os seres vivos. Podem ser microscópicos, dotados de uma única célula, como as leveduras, usadas na fabricação de fermento e cerveja, ou complexos, como o exemplar Armillaria recém-descoberto. Antes dele, em 1992, uma estrutura semelhante com 600 hectares havia sido localizada no Estado de Washington. Julgava-se ser uma raridade que se desenvolveu em condições muito especiais, por um período estimado entre 400 e 1.000 anos. Desde a semana passada, passou-se a considerar que esses gigantes são muito mais comuns do que se imaginava. O ser da Floresta de Malheur esteve pelo menos 2.400 anos parasitando sucessivamente milhares de árvores de forma simultânea. "Fungos como esse são extremamente versáteis", diz Marina Capelari, pesquisadora da seção de micologia do Instituto de Botânica, em São Paulo. "Eles exploram o meio ambiente e crescem indefinidamente." Mesmo que alguns pedaços do organismo morram, isso não compromete o resto da estrutura, que continua viva e em expansão. Acima da superfície o Armillaria ostoyae tem um aspecto bastante diferente. No outono, ele brota em forma de grupos de grandes cogumelos dourados, que podem atingir até 30 centímetros de diâmetro. A cor amarelada deu à espécie o apelido de cogumelo-mel. Por enquanto, os cientistas ainda não sabem se a espécie é comestível, porque, numa das poucas tentativas feitas, o pesquisador que experimentou o cogumelo sofreu uma violenta reação gástrica, mas sobreviveu. Ainda se está por determinar se isso ocorreu devido a algum tipo de veneno ou por erro na preparação do prato. Segundo a pesquisadora Catherine Parks, da equipe que localizou o megafungo, os cogumelos são apenas a ponta de um iceberg, insuficientes para dimensionar o que existe por baixo da terra e o impacto que o organismo causa na floresta. Para descobrir que estavam lidando com um único ser, os técnicos mapearam toda a região na qual suspeitavam haver trechos do fungo e analisaram amostras de vários pontos. Pelos resultados, viram que os filamentos possuíam a mesma composição molecular e só podiam ter uma mesma origem.

O processo alimentar do Armillaria é igualmente peculiar. O fungo secreta enzimas capazes de quebrar os componentes químicos da madeira em moléculas menores e, depois, sorve o que lhe interessa. Todo o alimento é extraído das árvores, primeiro das raízes e depois do caule. O roubo de nutrientes é tão intenso que a árvore morre. Ao atingir o caule, o megafungo se manifesta sob nova forma, agora uma cobertura esbranquiçada e viscosa, parecida com uma camada de cola. Árvores de grande porte podem sobreviver por muitos anos ao ataque do fungo, mas perdem vigor e têm o crescimento bastante afetado. Um observador atento consegue identificar uma árvore atacada por esse pesadelo subterrâneo: as raízes enfraquecem, as folhas descolorem e caem, a madeira está sempre umedecida. Nem por isso o megafungo é um vilão. Os cientistas o consideram um elo essencial no ecossistema das florestas. A ele cabe o papel de lixeiro, limpando áreas para que novas árvores possam nascer. Mesmo assim, é um consolo saber que um ser desses jamais conseguiria sobreviver numa cidade.



A invasão das formigas minúsculas

Elas são minúsculas, medem cerca de 2 milímetros de comprimento, mas são protagonistas de uma façanha inédita nos anais da zoologia: a construção de um formigueiro gigantesco, provavelmente o maior do mundo, com mais de 965 quilômetros de extensão, no Estado americano da Califórnia. As responsáveis pela obra são as infatigáveis formigas do açúcar – aquelas miudinhas, comuns nas cozinhas brasileiras. –, que chegaram aos Estados Unidos no século XIX, a bordo de navios cargueiros provenientes da Argentina. O tamanho do formigueiro, que se estende por uma área deserta entre a cidade de San Diego e os arredores de San Francisco, foi estabelecido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, intrigados com o comportamento atípico da espécie. Em seu habitat, na América do Sul, formigas da mesma espécie mas de colônias diferentes lutam ferozmente entre si em busca de comida e espaço. Elas identificam como inimigas todas aquelas que não possuem o odor típico de seu próprio formigueiro. Na supercolônia da Califórnia, a diversidade genética é tão pequena que as formigas se organizam em uma verdadeira frente familiar. Isso decorre do fato de serem todas descendentes de um grupo de imigrantes muito reduzido. Em vez de defender territórios distintos, as formigas se comportam como se estivessem em uma única colônia. Utilizando a mesma técnica empregada nos exames de DNA, os cientistas concluíram que a formiga na Califórnia tem metade da diversidade genética de sua parente argentina. O resultado é impressionante: elas conseguem comida mais depressa e estão vencendo a guerra com as formigas nativas, algumas dez vezes maiores que elas.